A Páscoa, do hebraico Pesach, significa “passagem” e tem sua origem relacionada à libertação do povo de Israel do Egito, conforme relatado no livro do Êxodo. No contexto cristão, essa celebração adquire um significado ainda mais amplo e profundo, pois marca a ressurreição de Jesus Cristo e a possibilidade de uma nova vida para aqueles que nele creem. Como afirma o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5:17: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

A ressurreição de Cristo constitui o cerne da fé cristã. Ela representa a vitória sobre a morte e o pecado, abrindo caminho para a redenção da humanidade. Esse evento transcende uma simples memória histórica e se configura como um convite a uma transformação existencial e espiritual.

A transformação espiritual configura uma nova vida em Cristo que renova totalmente a identidade daquele que crê em Jesus. O conceito de “nova criatura” sugere uma nova existência baseada na confiança de que as transgressões outrora cometidas foram perdoadas assumindo, portanto,
uma nova vida em conformidade com a esperança que o evangelho proporciona. O passado, repleto de falhas e limitações, não possui mais o poder de definir a essência daquele que está em Cristo, pois pela graça divina a dívida foi cravada na cruz.


A transformação existencial estabelece um modo de viver fundamentado na esperança e na missão. A fé do cristão não se limita à redenção individual, mas também o impulsiona a atuar como agente de
transformação no mundo. Assim, a caminhada com Cristo se caracteriza pelo compromisso com a justiça, o amor, o perdão, a paciência, a misericórdia e a propagação da mensagem da salvação. Os desafios e
dilemas cotidianos não são mais pautados em padrões mundanos e sim nos valores eternos da palavra de Deus.


Por fim, a Páscoa também ressignifica a compreensão da temporalidade e da esperança escatológica. Se Cristo ressuscitou, isso afirma a promessa de ressurreição para todos os que creem nele. Dessa forma, a existência terrena não constitui um fim em si mesma, mas um processo de preparação para a eternidade junto a Deus.


Diante disso, a Páscoa ultrapassa a mera rememoração de um evento histórico e se configura como um chamado à vivência plena da fé e à conformação da vida a partir da perspectiva da redenção em Cristo. Ao refletirmos sobre essa data, somos desafiados a abraçar uma nova realidade existencial, permeada pela graça e pelo compromisso com o Evangelho.


Pr. Rodrigo de Souza Quirino
Escritor e Pastor da IB Salgado Filho

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