O mundo está pobre de líderes, de ministros que deixam marcas. Parece que estamos vendo as circunstâncias do Salmo 12:1,2 nos tempos atuais, que diz: “Salva-nos, Senhor! Porque já não há quem seja piedoso; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens. Falam com falsidade uns aos outros, falam com lábios bajuladores e coração fingido.” O salmista nota que o número do remanescente piedoso está cada vez menor. Em outras palavras, os fiéis estavam desaparecendo no meio dos homens que tinham suas vidas caracterizadas pela perversidade. Na verdade, o salmista explica que essas pessoas possuem um “coração fingido”. Essa expressão traduz uma colocação hebraica que transmite a ideia de “coração duplo”. Os ministros do Senhor não podem ser assim.
Quero aqui mencionar algumas marcas da fidelidade que precisamos desenvolver. Para tanto, utilizo as palavras da sunamita em relação a Eliseu, em II Reis 4:9, que diz: “Ela disse ao seu marido: Vejo que este que passa sempre por aqui é um santo homem de Deus.” Como é maravilhoso sermos reconhecidos como homens de Deus. Samuel também foi reconhecido como homem de Deus, conforme registra I Samuel 9:6: “Porém o servo respondeu: Nesta cidade mora um homem de Deus que é muito estimado. Tudo o que ele diz acontece. Vamos agora lá. Talvez ele possa nos mostrar o caminho que devemos seguir.” Vejamos algumas marcas da fidelidade de um homem de Deus:
Fiéis a Deus no testemunho
A nossa fidelidade no testemunho vai nos garantir uma vida melhor e mais estrutura espiritual neste mundo chamado de pós-moderno. Nossas famílias desfrutarão das bênçãos do nosso testemunho e experiências com Deus. Abraão foi chamado de “o amigo de Deus” pela sua fidelidade ao Senhor, pela sua obediência, submissão e amor pela causa de Deus. Hoje, o mundo precisa sentir que nós, ministros de Deus, entendemos como Abraão que temos um testemunho a ser mostrado, vivido e praticado. Quando não testemunhamos de Deus para este mundo, deixamos de ser fiéis e passamos a ser infiéis. Deixamos de compreender os propósitos de Deus para nós, e o mundo passa a caminhar a passos largos para a perdição eterna. Devemos ser imagens de Deus no mundo perdido e comprometido com o pecado.
Fiéis no compromisso com Deus
Em I Coríntios 4:1,2 está escrito: “Assim, pois, importa que todos nos considerem como ministros de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer destes encarregados é que cada um deles seja encontrado fiel.” Como é bom ver obreiros que se comprometem com Deus e colocam o plano de Deus como prioridade em sua vida. Houve, na Bíblia, um homem que andou com Deus (Gênesis 5:4), e seu nome era Enoque. Ele agradou a Deus (Hebreus 11:5) e testificava com Deus (Judas 14). Devemos fazer o mesmo: andar, agradar e testemunhar de Deus em nossas vidas, dedicando-as por completo ao Senhor. Nunca o mundo necessitou tanto de ministros fiéis no compromisso com Deus como hoje, devido às suas carências, seus apelos e seu futuro. O obreiro comprometido com Deus é uma pessoa segura no que crê, sabe o que faz, como faz e qual decisão tomar. Ele é comprometido com Deus, com a Igreja, com sua família e com o seu trabalho.
Fiéis na oração
Um dos maiores problemas que o servo de Deus enfrenta hoje é a falta de tempo, o que faz com que até esqueça de orar. Muitos correm o risco de esquecer até que são crentes em Jesus Cristo. A oração tem poder de transformar vidas, mudar situações e ainda nos colocar mais perto de Deus. A Bíblia nos ensina sobre a vida de um homem que foi transformado pela oração. Seu nome era Jacó, e de uma vida arruinada (suplantador), passou a ser chamado de Israel – Aquele que luta com Deus. A oração transforma vidas, muda situações, resolve problemas, evita catástrofes e constrói ambientes saudáveis. Jacó experimentou tudo isso pela oração. A oração é um momento em que o Criador e a criatura comungam do ponto de vista de reconhecimento da criatura do poder do Criador. É uma comunhão agradável, onde o privilégio maior é da criatura, por dialogar com o Criador e sustentador de todas as coisas. Comungar é corresponder em comum, é entrar numa intimidade com Deus. É na oração que reconhecemos a soberania de Deus e nos sentimos pequenos.
Fiéis na Palavra de Deus
Em I Timóteo 4:1-5 está escrito: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino: Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” Ainda em II Timóteo 2:15 lemos: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” Esdras era um homem comprometido com a Palavra, conforme está escrito em Esdras 7:10: “Pois Esdras tinha decidido dedicar-se a estudar a Lei do Senhor e a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas.”
O povo comprometido com Deus não busca alguém para lhes contar bonitas experiências, mas procura um fiel expositor das Escrituras. A maior necessidade da igreja hoje é de homens que conheçam, vivam e preguem a Palavra de Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da igreja e do mundo. A pregação é a tarefa mais importante que existe no mundo. A Palavra de Deus precisa ser o foco e o ponto de referência do ministro de Deus. Como está expresso na Declaração Doutrinária da CBB, “a Bíblia é a nossa única regra de fé e de prática.” Sem uma pregação essencialmente bíblica, a Igreja perde o seu vigor e deixa de cumprir os propósitos para os quais foi instituída por Deus.
Fiéis na integridade
Jó 1:1 diz: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto, temente a Deus e desviava-se do mal.” Jó é apresentado como um servo de Deus admirável, abençoado, com muitas riquezas e uma família maravilhosa (1:2-4). Apesar de sua fé e dignidade, de uma hora para outra Deus o despojou de suas riquezas, de sua família e de sua saúde. Era uma provação divina a Jó. Seus amigos o acusaram de pecado, mas ele rejeitou as acusações e tentou mostrar sua inocência. Deus, o próprio Deus, declarou a inocência de Jó e lhe deu o dobro do que antes possuía, restaurando sua saúde e felicidade. Ao ler a história de Jó, somos impactados pelo seu testemunho. Sua vida de fé e obediência é uma inspiração para todos nós. Este é, sem dúvida, o tipo de vida que agrada a Deus, uma vida de integridade, independentemente das circunstâncias. O texto diz que Jó era “íntegro e reto”. Íntegro significa inteiro, completo. Ele era completamente honesto, e sua vida resistia a qualquer investigação.
Mais do que nunca, precisamos de obreiros que possam ser destacados e reconhecidos pela nobreza de caráter e integridade moral. Ao ressaltar a integridade de Jó, o texto diz que ele “se desviava do mal”. Isso significa que o seu estilo de vida era resultado de uma atitude deliberada; ele se esforçava para se manter íntegro. Ele sabia que não estava imune ao erro e precisava estar atento o tempo todo para não se comprometer. No Salmo 40:12, Davi diz que estava cercado pelo mal: “Males sem número me cercam.” Daí a necessidade de nos desviarmos do mal. Caso contrário, seremos alcançados por ele, e nosso caráter será comprometido e corrompido.
O texto diz ainda que Jó era “temente a Deus”. Temer é tributar reverência ou respeito. Isso significa que Jó era um servo de Deus, consciente do seu papel, com uma vida devota e submissa. Seu prazer era amar ao Senhor e obedecer à sua Palavra. Em Eclesiastes 12:13 lemos: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” Jó era amigo de Deus; ele amava a Deus e tinha o maior prazer em servi-lo. Quando sua mulher o incitou a blasfemar de Deus, veja o que ele disse em Jó 2:10: “Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” Vejamos ainda a sua declaração de fé em Jó 19:25,26: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que, por fim, se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus.”
Isto é integridade que se requer dos dispenseiros, ministros e obreiros de Deus.
Geraldo Oliveira da Silva
Presidente da OPBB/MG
Pastor da PIB São Benedito
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