Cá estamos, 508 anos do momento em que o monge agostiniano Martinho Lutero com suas 95 teses deflagrou a chamada Reforma Protestante, iniciada na Alemanha e depois difundida em todo o mundo.
Embora não propriamente oriundos deste movimento reformador, nós batistas, o entendemos como necessário, relevante e facilitador do surgimento das denominações que o sucederam.
As teses luteranas tinham como alvo primeiro o combate aos desmandos papais, entre eles, e talvez a causa maior de indignação do reformador, a venda de indulgências.
Para Hernandes Dias Lopes, em seu artigo “Reforma Protestante, uma volta às Escrituras”, não se tratava de uma inovação na Igreja e sim, de uma volta à doutrina dos Apóstolos. Não era um desvio de rota, e sim, uma volta às Escrituras.
Os que aderiram a este importante movimento, colocaram-se novamente nos trilhos da verdade. Vamos pensar rapidamente e beneficiando-nos do artigo do citado autor sobre as 5 grandes ênfases da Reforma:
1 – A singularidade das Escrituras – na visão vigente, a tradição, a palavra papal e o ensino do clero tinham a mesma importância que a Bíblia. Era necessário defender que a Palavra Escrita de Deus é a única regra de fé e prática contra quaisquer ensinos não fundamentados biblicamente. Este princípio ficou conhecido como Sola Scriptura.
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Timóteo 3.16,17).
2 – A importância da Fé – prevalecia à época a ideia de que era possível uma parceria com Deus, ou seja, boas obras tornavam o ser humano coagente da salvação. Fazendo o bem, podíamos, você e eu, de certa forma, coagir Deus a nos salvar.
A ênfase no princípio Sola Fide (somente a fé) explicita a salvação recebida unicamente pela fé no sacrifício salvífico de Cristo. Os méritos são exclusivamente do Senhor e não nossos.
“Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” (Romanos 1.17).
3 – O privilégio da Graça – a ênfase no Sola Gratia (somente a Graça) desmontava o ensino de que havia a possibilidade de acúmulo de benefícios por meio de obras, contribuições financeiras ou pelo trabalho e aquisição de indulgências.
Alcançados pelo favor imerecido de Deus, a nós concedido como dom precioso e gratuito nos tornamos novas criaturas, salvas da corrupção do pecado e esperançosos de um celeste porvir.
“Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8,9).
4 – A centralidade do Cristo – Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os seres humanos (Solus Christus) ao contrário do que se ensinava sobra anjos, sacerdotes, santos.
Nossas vidas, nossos cultos, nossos louvores e nossas preces não podem e não devem ser dirigidas a nenhum outro ser. Apenas ao nome diante do qual todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra se dobrará, deve ser dirigida a nossa devoção.
“Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4.12).
5 – A exclusividade da glória de Deus – Soli Deo Gloria – esta ênfase da Reforma Protestante tinha o objetivo de combater qualquer compartilhamento da glória do Senhor com lideranças religiosas ou outros seres humanos ou sobrenaturais vivos ou mortos.
Tudo o que foi criado, e de forma especial, os seres humanos, objetiva a glória do Criador com absoluta exclusividade. As ênfases anteriores, Escrituras, Fé, Graça e Cristo foram concedidas para que vivêssemos vidas de glorificação ao Nome de Deus!
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor.” (Isaías 42.8).
Querida irmã, querido irmão,
Que a singularidade das Escrituras, a importância da Fé, o privilégio da Graça, a centralidade do Cristo e a glorificação do Nome de Deus, sejam princípios inalienáveis de suas vidas, famílias ministérios e igrejas.
“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Romanos 11.36).
Pr. Ailton Sudário
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